por Simone Zanotello de Oliveira
No último artigo vimos algumas dicas
para que o falante possa melhorar seu desempenho nas exposições orais, evitando,
assim, alguns vícios que possam prejudicar a transmissão da mensagem. Neste
artigo, iremos encerrar este assunto com mais algumas orientações que irão
auxiliar o falante em suas apresentações. Então vamos lá.
Para passar uma mensagem com
eficiência, o falante precisa de boa dicção (pronúncia), colocando pausas ao
final do raciocínio, repetindo as informações que são importantes e pondo
ritmos diferenciados na fala (mais rápido, mais devagar, mais alto, mais
baixo), evitando a exposição monótona. Também é preciso prestar muita atenção na
gramática, e isso inclui o uso do vocabulário, pois um erro poderá atrapalhar
toda a apresentação e colocar a imagem do falante em suspeição. E para
melhorar o vocabulário não existem fórmulas mágicas: o segredo é a leitura.
Outro ponto importante diz respeito
à expressão corporal. O falante precisa evitar falar o tempo todo com as mãos
nos bolsos, com os braços cruzados ou para trás ou para os lados, balançando,
andando de um lado para outro, esfregando as mãos, coçando a cabeça,
apoiando-se numa das pernas, deixando as pernas juntas ou abertas demais,
dentre outros vícios de postura. Primeiramente, é preciso fazer gestos que
tenham a ver com a exposição, utilizando apenas a parte superior do corpo para
isso – vejamos como exemplo a moça do tempo dos telejornais – ela faz muito bem
isso. Em segundo lugar, os gestos vêm junto com as palavras: nunca antes, nem
depois delas. E nunca deverão ser feitos em excesso. O que fazer
com os braços? O falante deverá deixá-los naturalmente ao longo do corpo ou um
pouco acima da linha da cintura, e o peso do corpo deverá ser igualmente distribuído
entre as duas pernas.
A expressão facial também é essencial
numa apresentação, pois o falante não deverá passar indiferença e ausência de
emoção com relação àquilo que está expondo. Portanto, ele não deverá falar por
falar, como se fosse uma obrigação. E
nesse ponto, o “olhar para o público” é fundamental, valorizando-o. Para isso,
a sugestão é dividir o público em quatro partes iguais (A, B, C e D) ou em
camadas (frente, meio e trás), olhando para cada um desses blocos após a
exposição de algumas ideias, girando o tronco e a cabeça moderadamente para
isso – digo “moderadamente”, para que essa movimentação não fique robótica.
Além disso, uma apresentação bem
sucedida depende de planejamento. É preciso que o falante defina o que deseja e
prepare a exibição em três partes – introdução (fase de conquista dos ouvintes
– por meio de uma frase de impacto, um fato bem-humorado (convém evitar as
piadas, pois elas podem não ser tão engraçadas assim e colocar a apresentação
em risco), uma história interessante, uma reflexão, uma pergunta, seguida de
uma apresentação breve do assunto), desenvolvimento (exposição do assunto por
meio de todos os seus aspectos – ilustrações, exemplos, analogias, contrastes,
etc.) e conclusão (fase de finalização do assunto, fazendo com que os ouvintes
reflitam e ajam de acordo com o que foi tratado, bem como agradecendo a plateia
– neste tópico, é preciso evitar expressões como “pois é, pessoal, era só isso que eu tinha para dizer”).
Por fim, para um bom desempenho na
arte de falar, a principal técnica é: seguir todas as regras de comunicação,
mas não perder a naturalidade. Se o
público perceber que o falante está sendo artificial, perderá a atenção. Cada
pessoa possui características especiais de sua personalidade, que precisam ser
encontradas e exploradas nesse momento, e que podem ser um diferencial para o
falante. Segundo o professor Reinaldo Polito, um dos ícones na arte de ensinar
a oratória, “não existe plateia
desinteressada, mas palestrante desinteressante”. Portanto, é preciso
assimilar as regras com naturalidade e treinar muito, para que a transmissão da
mensagem seja feita de forma eficiente.
Enfim, essas são mais algumas dicas
para auxiliar o falante em suas apresentações, já que defendo a ideia de que a
boa oratória não é um dom, e sim uma técnica que pode ser aprendida.
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