quarta-feira, 14 de maio de 2014

A HABILIDADE DE FALAR EM PÚBLICO – MAIS ALGUMAS DICAS

por Simone Zanotello de Oliveira
No último artigo vimos algumas dicas para que o falante possa melhorar seu desempenho nas exposições orais, evitando, assim, alguns vícios que possam prejudicar a transmissão da mensagem. Neste artigo, iremos encerrar este assunto com mais algumas orientações que irão auxiliar o falante em suas apresentações. Então vamos lá.

            Para passar uma mensagem com eficiência, o falante precisa de boa dicção (pronúncia), colocando pausas ao final do raciocínio, repetindo as informações que são importantes e pondo ritmos diferenciados na fala (mais rápido, mais devagar, mais alto, mais baixo), evitando a exposição monótona.  Também é preciso prestar muita atenção na gramática, e isso inclui o uso do vocabulário, pois um erro poderá atrapalhar toda a apresentação e colocar a imagem do falante em suspeição. E para melhorar o vocabulário não existem fórmulas mágicas: o segredo é a leitura.

            Outro ponto importante diz respeito à expressão corporal. O falante precisa evitar falar o tempo todo com as mãos nos bolsos, com os braços cruzados ou para trás ou para os lados, balançando, andando de um lado para outro, esfregando as mãos, coçando a cabeça, apoiando-se numa das pernas, deixando as pernas juntas ou abertas demais, dentre outros vícios de postura. Primeiramente, é preciso fazer gestos que tenham a ver com a exposição, utilizando apenas a parte superior do corpo para isso – vejamos como exemplo a moça do tempo dos telejornais – ela faz muito bem isso. Em segundo lugar, os gestos vêm junto com as palavras: nunca antes, nem depois delas. E nunca deverão ser feitos em excesso. O que fazer com os braços? O falante deverá deixá-los naturalmente ao longo do corpo ou um pouco acima da linha da cintura, e o peso do corpo deverá ser igualmente distribuído entre as duas pernas.  

            A expressão facial também é essencial numa apresentação, pois o falante não deverá passar indiferença e ausência de emoção com relação àquilo que está expondo. Portanto, ele não deverá falar por falar, como se fosse uma obrigação.  E nesse ponto, o “olhar para o público” é fundamental, valorizando-o. Para isso, a sugestão é dividir o público em quatro partes iguais (A, B, C e D) ou em camadas (frente, meio e trás), olhando para cada um desses blocos após a exposição de algumas ideias, girando o tronco e a cabeça moderadamente para isso – digo “moderadamente”, para que essa movimentação não fique robótica.

            Além disso, uma apresentação bem sucedida depende de planejamento. É preciso que o falante defina o que deseja e prepare a exibição em três partes – introdução (fase de conquista dos ouvintes – por meio de uma frase de impacto, um fato bem-humorado (convém evitar as piadas, pois elas podem não ser tão engraçadas assim e colocar a apresentação em risco), uma história interessante, uma reflexão, uma pergunta, seguida de uma apresentação breve do assunto), desenvolvimento (exposição do assunto por meio de todos os seus aspectos – ilustrações, exemplos, analogias, contrastes, etc.) e conclusão (fase de finalização do assunto, fazendo com que os ouvintes reflitam e ajam de acordo com o que foi tratado, bem como agradecendo a plateia – neste tópico, é preciso evitar expressões como “pois é, pessoal, era só isso que eu tinha para dizer”). 

            Por fim, para um bom desempenho na arte de falar, a principal técnica é: seguir todas as regras de comunicação, mas não perder a naturalidade. Se o público perceber que o falante está sendo artificial, perderá a atenção. Cada pessoa possui características especiais de sua personalidade, que precisam ser encontradas e exploradas nesse momento, e que podem ser um diferencial para o falante. Segundo o professor Reinaldo Polito, um dos ícones na arte de ensinar a oratória, “não existe plateia desinteressada, mas palestrante desinteressante”. Portanto, é preciso assimilar as regras com naturalidade e treinar muito, para que a transmissão da mensagem seja feita de forma eficiente.

            Enfim, essas são mais algumas dicas para auxiliar o falante em suas apresentações, já que defendo a ideia de que a boa oratória não é um dom, e sim uma técnica que pode ser aprendida.

 

 

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